O TEMPO E A FLOR

in "Cadernos de Miraflores"
Janº de 2006
O TEMPO E A FLOR
-Variações de um Tempo sem vagar, Divagações de um Tempo para amar
A flor não se deixa influenciar pelo tempo,
Antes traça o seu sorriso na face desse tempo.
Vagueia silenciosamente num Mundo de mu-Danças,
Mu-Dança de Vida, mu-Dança de Interior, mu-Dança de forma,
Mas o seu Aroma, vertigem da sua alma, é sempre o mesmo.
A flor essencia-se num paraíso do risível muito seu.
Depois vem a história de um tempo...do Tempo.
Contemporizar é amar o minuto seguinte,
Que ainda não chegou,
Nem se sabe se vai chegar.
Quem com-tempo-riza, não acertando, perde…tempo!
Na superfície do tempo há duas camadas de indiferença:
A da voragem desse tempo que corre em zig-zag, sem retorno, platónica indiferença,
A do outro sub-tempo que se impõem pela negação de si próprio, daí exista!
A verdade é que o Tempo é Intemporal.
E se o acaso se configurar numa fracção de tempo, a habitual fracção de segundo,
Tudo pode correr menos bem e aí temos o temporal…
O contra-tempo é a manifestação de um tempo Outro,
É a forma mais vulgar de dissipar esse tempo,
Apagando sua estrutura, retirando-lhe o seu sentido.
Contra-Tempo é o Tempo ao espelho.
Do contra-Tempo ao Temporal vão duas medidas,
Não de Tempo, mas de pa-Ciência e de des-Encanto,
Numa órbita de planetas que se cruzam num espaço que (já) não existe.
In-tempo-ral acontece como facto,
Se se entra no cerne do Tempo,
Se o Amor se ilude…
A Flor virá a singrar/desenhar, a sua Vida no espaço e na cor que o Tempo afeiçoar.
(Continua...o Tempo... e a Flor, Aroma de vento e pensamento)
Direitos Reservados Aguarela e Texto de Rui Paiva