Tuesday, January 24, 2006

Cadernos de Barcelona I - "Na Flor de Ouro Sobre Azul"

Rui Paiva
Aguarela sobre Papel Cotman
300gms, 12,7 * 20,3 cm
Flor de Ouro Sobre Azul

Uma manhã de Inverno
Onde vermelho imperial de artes discursava,
Uma flor de ouro deu-se a conhecer,
A uma nuvem branca,
Acontecimento reportado no Azul do Espaço.

(A nuvem branca alimenta-se do arco-íris).

(Duas flores conhecem-se na realidade quando não têm mais onde procurar um Rio.
Onde a sua sombra vai mais longe,
Onde as ervas não mais respiram fragmentos do seu sol).

Pairava a amizade sobre as suas sombras absorventes,
Distantes da realidade,
Uma flor de ouro
Encantava no seu respirar,
Apenas do sonho um ser se alimentava.

Barcelona foi o jardim
onde flor de ouro,
escreveu inédita história azul,

Aos recantos das Artes, viajou,
Europas sem fim,
Tal como aos encantos das noites iluminadas de alegria,
Festejos de um Mundo,
Em Barcelona cidadãos sambaram madrugadas em fio,
Mas onde nem o frio esfriava a Tranquilidade.

Como em todas as estórias,
De encantar,
A plenitude dos gestos,
A ternura das cores,
Pelas páginas de cadernos se circunscreveram.

A flor azul,
Aos ventos do Sul se converteu,
Deambulando pelos mantos desconhecidos.

A nuvem pintou seu coração de ouro,
E às praias ocidentais se acolheu,
Triste de alegria re-sentida,
Em passado que de presente,
Pouco tempo guardou,
Mas que de vontade,
Cheio de vida e afecto sonhos pintou.

Monday, January 23, 2006

Cadernos de Miraflores - III - "Na Cor do Tempo"


Aguarela de Rui Paiva
Aguarela s/ papel Canson,
300g/m2, 13,5*21cm
Na cor do tempo,
reside a estepe do sonho.
Paisagem do saber.
Na leveza do ser,
entretanto nascido,
crescido na mente da vontade,
verte-se a força de uma vida
encantada virtude em Flor.
Amizade em crescendo.
Na versatilidade de um lamento,
ressurge a força de uma amizade,
pujante, viva,
de séculos na textura do real,
sonho-vontade-elevação,
sonho de um tempo que se remete ao tempo de si mesmo.

Tuesday, January 17, 2006

Cadernos de Miraflores - II


Cadernos De Miraflores

Um dia a Terra acordou e lembrou-se de pedir um copo de água. Mas ainda não havia vizinhos, nem no seu quarto nem na sua terra, e assim nasceu o animal de estima-cão.
Que por sinal, (no sobr-olho), era o melhor amigo de um homem que, dizia-se vivia acompanhado numa aldeia bem distante.
Contam as crónicas que o homem tinha mau feitio. Assim teve que mudar de alfaiate. E o alfaiate, casado com uma modista fora de moda vivia mais para lá que para cá.
Mas como de crónicas não vivia o homem nem a mulher do homem, que era modista de fora de moda, tiveram que emigrar. E assim foram herdar um monte na Lua. Uma aldeia um pouco mais para lá que para cá.
Mais longe ficava o calor, numa aldeia ainda mais distante, pelo menos no seu comportamento…o Sol.
Está bem de ver. Mas com monóculo protocolar. Ou proto-monocular.
Vai daí a Terra, a única ser e-vidente que não podia escolher o seu futuro, desatou a aquecer.
E o ambiente aqueceu tanto que a terra derreteu e um único par se manteve "na Lua".
Assim a Lua se converteu num símbolo do romantismo espacial.

Cadernos de Miraflores - I

Friday, January 13, 2006

De Que Serve o Afecto sem o Gesto, o Amor sem a Escrita do Tempo?





De que serve a Palavra,
Se o Texto não quiser Construir a sua Caverna Encantada,
Abrindo-se ao Futuro,
Expondo-se,
Dando-se ao Suave Caminho,
Via Mais directa para a Harmonia.

De que serve o Amor,
Se em contra - luz,
E se a Vontade se não dedicar ao Gesto,
E a Afeição não residir na Nuvem Mais Etérea, Acessível.

De que serve o Afecto,
Se os Suspiros se não encontrarem,
Na transversal infinita do Tempo?
(Se as Cores não sonharem na Paz,
Da humana Canção),
Se as florestas não souberem versejar sem pontos cardeais,
Se os ventos, rios e andorinhas,
Não atinarem com as sonolências deste Planeta?

Nota de Roda - Mão:
O Amor será sempre o ponto infinito do gesto consentido,
Na Rotação Constante dos Ensinamentos.
A Paixão exigirá na intensidade do encontro,
Sofrida ventura,
Que o Amor se não distraia na Rota Oscilante dos Sentimentos.

Thursday, January 05, 2006

O Segredo e a Virtude


Enquanto no céu as estrelas se passeiam, um rio adormecido espelha as ambições de um mundo onde seres se julgam humanos.

No cerne do poder há sempre uma formiga, gigante no querer, que esconde um segredo.

O segredo da longevidade das canções da tartaruga voadora, uma espécie em vias de invenção, espécie conhecida por oferecer flores, nos aniversários, às suas semelhantes, algo que se não usa, nem abusa, séculos passados sobre a escrita do tempo.

As ondas alterosas já não vêem filmes nos anfiteatros da vontade.

Os golfinhos já não viajam em executiva.

As abelhas voltaram a fabricar produtos naturais, e encarregam-se de novo de controlar a sua distribuição pelos jardins dos planetas inacabados.

Há flores que choram, mas a vida continua a fazer das suas. E elas voltam a sorrir ao verificar que por detrás de uma corrente de ar se eleva uma Lua desconhecida.

E o Sol, rindo-se, acende o olhar de um crisântemo mais destemido, travesso no passear, mas muito são no tremelicar, qual piri-lâmpada surreal, plena de gestos e saber, num mundo de vozes cativantes e sentadas. Ergue-se ondulação suave e bela, colorida ventania.