Tuesday, June 13, 2006

No Mundo das Cidades Luminosas - Século 23 -A

Texto Automático e
Aguarela de Rui Paiva
13 de Junho de 2006



No Mundo das Cidades Luminosas

As fontes antigas ainda se lembram dos tempos em que cediam a bel-prazer águas transparentes, (que nem os seres humanos conseguiram beber alguma vez na sua vida), águas doces, águas puras.

Agora as fontes da história, secas de notícias, secas de factos ficavam-se pelos seus encantos de pedra.

Os seres humanos haviam des-afectado a sua vida da Terra. Isto é, deixaram de atender ao Mundo dos Afectos.

A data não enganava: século 22.

Agora, quando referencio mentalmente esta nov-Idade, estamos em pleno século 23 - A e os humanóides desapareceram da civilização terrestre, emigrando em catadupa organizada para outros planetas entretanto descobertos onde o Planet Governance, (não se pode traduzir, mas diziam ser importante chavão da distante Terra, relevante caderno de encargos e decifrações para uma vida em sociedade e saciedade), se sobrepunha a todas as intenções e desejos mais remanescentes dos mesmos.

A sua vida orientava-se por princípios localizados no Planet Ordinance, (sem tradução possível), e a sua comunicação já se dava por via do p-mail, uma nova forma de liam com a vantagem de ser controlada pelo cérebro do utilizador, dispensando computadores e outros utensílios entretanto transformados em gigantescas obras de arte performativa. Porque se deslocavam em grupos, deambulando pelos actualizados jardins de cimento.

Cimento pintado, por vota dos anos 90, de verde.

Reminiscências de tempos idos em que a natureza se não queixava.

(continua)

2 Comments:

Blogger Carla said...

Beijos e bom feriado

June 15, 2006  
Blogger Ni said...

«Os seres humanos haviam das-afectado a sua vida da Terra. Isto é, deixaram de atender ao Mundo dos Afectos.»

A Terra dos Afectos... esse 'paradis perdu', cujos portões fecharam a cadeado, com receio dos dedos trocistas apontados a gritarem 'poetas, artistas...'... como se transportassemos um estigma... como se fossemos a solução errada do enigma.

E a seguir à lágrima redonda, pesada e quente... deixo que amanheça o sorriso. Que me acusem de não ter siso! Que me pintem estrelas azuis no nome! Que me olhem como habitante de outra esfera, por afirmar que ser feliz é o caminho... de mãos enlaçadas, de abraços multiplicados ou... sozinho.

ACREDITO! Acredito na alegria, sim!
Acredito nas pegadas de luz que deixo no ar, ao sobre as cores, nua dançar.
Acredito em palavras murmuradas que vencem gritos... e libertam pessoas maltratadas. Acredito na poesia... traço de voo livre que dá nome ao dia. Acredito no Amor Universal... acredito que não há Bem e Mal... apenas sabores opostos... sendo a escolha a direcção tomada na encruzilhada.

E NUNCA, nunca digam que é erro errar... porque todos os trilhos obrigam a recuar... avançar... esperar... voltar a tentar.

...

Quem entende que caminhar descalço é acariciar a Terra... sorrirá quando lhe oferecer versos em afagos embrulhados... e assim ... da Terra dos afectos se abrirão os cadeados.

... porque nossos são todos os momentos que libertamos... porque só perdemos o que (e quem) aprisionamos.

Abraço de vento...

Ni*

June 15, 2006  

Post a Comment

<< Home