Tuesday, November 15, 2005

A MADRUGADA DO LÁPIS DESAFIADOR


O Lápis des-afiador nunca foi bem visto. Porquê? Por isso mesmo.
Por ser dois em um. Era lápis, escrevia nas entrelinhas do non-sense e ao mesmo tempo era desafiador, matreiro, persistente no trato.
O afiador, por seu lado, pouco dado a conversas rodava sobre si mesmo sempre que era chamado a cumprir a sua arte. A Arte de Bem Afiar. Zzzzz...Até ficar tonto...

O lápis, esse, ainda se lembrava quando se passeava qual modelo de fábrica de escritas artesanais, penduricado numa orelha de algum merceeiro, latoeiro ou assim sucessivamente.
O afiador, rezam as crónicas, veio mais tarde a ser promovido, tapada a sua interioridade e convertido em cone para o arrumo de castanhas quentes. Já não havia jornais velhos para rasgar e envolver o fruto do Outono, que bem quentinho, dava para aquecer as mãos escondidas nos bolsos tal o frio.

Já não se lia...Do livro em papel de eucalipto, (mas sem efeitos anti-gripe), voara-se para a revista cor-de-rosa pálida. Somatório de aves de arribação, perdão de aves das ribaltas em poses meramente inteligentes.

Depois inventara-se a virtualidade do virtual...Do livro virtual passara-se ao tchá tchá tchá virtual, uma moda que consistia em rodopiar danças de salão em ecrans de computador. Tal a moda fora que se esgotaram os leques e abanicos que refrescavam damas e cavalheiros, pomposamente sentados em frente de paredes de plasma, pasme-se!

E , assombro, (!!), agora nem livros, nem livreiros, enfim acabara o eterno problema dos livros mal distribuídos. Já nem valia a pena ir às livrarias, objecto de culto, comprar três livros duma vez para aumentar vertiginosamente as estatísticas e levar editores a lançar de imediato 10 edições em simultâneo como se fazia em pleno século XX e mais ainda com a invenção dos faz-tudo, (personagens típicas de 2000 a 20010 que conseguiam, qual malabiristas de circo, falar-escrever-discursar-televisionar-cantar-modelar-papaguear-codificar-descodificar-entaramelar os outros-tudo-ao-mesmo-tempo!!!) já no XXI. Nem ir aos armazéns de livros colocar nas prateleiras da frente (dos olhos) os ditos. Normalmente só se viam os dos autores vendidos com cartazes amvíveis de mais de dois metros e meio, para transmitir a sensação de que eram escritores grandes com'os vencedores de prémios internacionais da crítica acrítica.

Também porque agora, em pleno século XX2 e meio, já só se transaccionavam pequenos animais virtuais que dando menos trabalho ao seu domador, não exigiam mordomias, e aquando do seu desaparecimento por azar, pfft (já está!), já não estavam lá. Mas voltando ao lápis, consta em meios bem informados, académicos no querer, que estaria quase a ser descoberto um sucedâneo...chamar-se-ia caneta. Não teria qualquer relacionamento com objectos des-afiadores. A bem da causa. Vamos investigar de que se tratará e voltaremos à janela. Ainda este serão.
38 de NuBendro de XX2 e 1/2, madrugada

5 Comments:

Blogger Cadelinha Lésse said...

Olá!
Só venho, numa corrida, retribuir as visitas que fizeste ao Vida de Cão. Prometo voltar com mais tempo!

Xis

November 16, 2005  
Blogger isabel mendes ferreira said...

excelente texto....boa tarde.

November 18, 2005  
Blogger APIUR said...

Cadelinha,
Vem com mais calma. Não te canses nestas corridas.
Saudações
Apiur

November 18, 2005  
Blogger APIUR said...

m.f.
Muito obrigado pela simpática (mas exgerada msg na sua apreciação).
Saudações, abraços,
Apiur

November 18, 2005  
Anonymous Anonymous said...

Best regards from NY! christina agilera ass latino women big tits butts gay amateur men Fergie ass Paris hilton nose Cataract financial free support surgery creme cellulite classement

February 06, 2007  

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